Meu voo parte às onze
Parte um sonho
Parte a vida
Nada no chuveiro
Deixo o sabonete
Pego a escova de dente, cabelo
Remexo os lençóis
Não há nada
Tudo na mala
Não há nada
Não consigo amá-la
Porque adoro rimas bobas
Mas só o que há na vida é bobagens
A vida são as bobagens
O resto é sobrevivência
Meias cuecas carteira
Não posso esquecer nada
Nunca esqueço
Sempre lembro que o meu voo parte às onze
Parte a vida
Sempre parte
Partilha da liberdade transviada
Mas parte os sonhos
E gera outros
Que a presença da saudade
É a ausência
Nada
Em cima do frigobar desligado da tomada
Não tem ar
Condicionado
Um tapete pregado na parede tampa o buraco
Aline está me esperando no desembarque
Já marcou com o cara do vídeo
Vamos também ver os convites
Embaixo da cama um batom
Que não vi quando rolou para lá
Libertinagem noturna que me revigora
A mulher foi embora
Seus olhos tinham um lindo sorriso
Não precisava da boca
Já se foi, partiu
No caminho comprarei flores.
Leandro Leite Leocadio
O poeta e escritor Leandro L. Leocádio, observa, em minha percepção, neste poema, o retrato conflituoso das relações humanas; seus sentimentos de ambiguidade e de desordem interiores que nos levam a caminhar pelos sinuosos e frágeis dilemas existenciais.
ResponderExcluirSOPHIA